Brian Young
Brian Young ao saber da realidade do mundo |
Jean já tinha 5 anos de idade, Marko e Emma estavam aposentados, Michael havia ingressado no exército dos Estados Unidos (mesmo contra a vontade do restante da família) e Brian trabalhava cuidando dos negócios da família durante o dia e freqüentava uma universidade de Engenharia Agrícola à noite enquanto Carmen apenas ajudava na fazenda como podia e cuidava da filha do casal já esperando pelo próximo filho que gerava, estava no terceiro mês de gestação. Era uma rotina puxada, mas as coisas iam bem e seguiam seu curso natural, não havia nada melhor do que passar um dia de inferno e no fim, à noite, ter uma pequena pentelha para brincar com seu pé... Brian não tinha realmente nada do que reclamar...
Os Smith tinham uma criança: uma filha chamada Lemina que parecia na verdade mais um garoto sendo muito parecida com o pai, ela era amiga de Jean e costumavam brincar depois da aula. Naquele dia foram brincar na casa de Lemina, a brincadeira era simples, iriam brincar que eram caçadoras em busca de um coelho. Infelizmente a pequena garotinha Smith decidiu tornar a brincadeira mais realista quando pegou o rifle do pai, inocente sobre seus perigos, a consequência foi que Jean era o coelho e foi abatida.
Os Smith se desesperaram quando descobriram o que havia acontecido, não queriam que sua filha fosse enviada para um sanatório ou um lugar de delinquentes ou passasse anos em avaliação psiquiátrica e nesse desespero decidiram fingir que nada havia acontecido. Eles eliminaram as evidências e afundaram o corpo e a arma em um pântano próximo á fazenda. Quando Carmen veio buscar Jean para o almoço eles alegaram que ela não havia ido para lá.
Durante as primeiras semanas a polícia participou ativamente nas buscas de Jean, primeiramente vasculhando as florestas da redondeza, depois fazendo cartazes e propagandas de crianças procuradas na cidade, procurando nos hospitais e nas ruas, entretanto depois que as primeiras semanas haviam se passado pouco a pouco foram convencendo a família de que agora Jean era uma criança perdida e que haveria poucas chances de encontrá-la. Isso foi realmente terrível para Brian, mas foi muito mais forte em Carmen, ela quase não tinha forças para fazer nada em puro desespero.
Brian desconfiava que havia sido os Smith, que eles sabiam onde estava sua filha, ele contratou um detetive particular para investigar o que havia acontecido, o resultado foi o previsível: ele não descobriu nada, mas todo o material que ele coletou e acabou nas mãos da polícia foi destruído misteriosamente. Eventualmente Lucian Smith pediu para seu pai, um barão nas redondezas, para cuidar do detetive intrometido, ele foi intimidado e chantageado e acabou abandonando o caso.
Carmen agora vivia alcoolizada ou dopada em comprimidos, Brian não conseguia se concentrar nas suas atividades e estava prestes a ser reprovado em várias disciplinas, seu mundo havia desabado e nada de descobrirem nada sobre Jean. Certa noite o casal estava bêbado... Carmen chorou e rogou pragas e disse que tinha certeza que os Smith haviam matado sua filha. Ele não aguentava mais aquilo, simplesmente não suportava mais aquela situação e no cair da noite os dois pegaram dois rifles de caça e seguiram para a residência dos Smith, arrombaram a porta da casa e encontraram os dois na cama.
O que aconteceu em seguida foi que Meredith tentou acalmá-los, mas a culpa em Lucian era maior que a razão, depois que viram o desespero dos dois, a tristeza no rosto de Carmen... Ele não foi mais capaz de mentir e se confessou como autor o crime, quando isso aconteceu Brian disparou a arma até não ter mais cartuchos... Escondida ali, Lemina viu tudo. O barulho foi alto e despertaram os cachorros e os vizinhos, tudo que puderam fazer foi fugir antes de curiosos chegarem ao recinto. A polícia investigou um pouco a situação, não precisaram de muito para descobrir que a arma que matou a família Smith pertencia aos Young, assim como a filha do casal dissera que foi ele.
Só restou a Brian proteger sua família, proteger Carmen e a criança dos mesmos que ainda não havia nascido: ele confessou o crime e assumiu total responsabilidade por ele, Carmen nunca foi sequer associada como cúmplice e por alguma razão Lemina também não a mencionou. Seu julgamento foi simples e ele foi condenado a 10 anos de cadeia por homicídio, normalmente seria muito mais tempo, mas as circunstâncias foram mitigadas depois que o corpo de Jean foi encontrado no pântano próximo da família dos Smith.
Os treze anos que viriam em seguida seriam um verdadeiro inferno para Brian. Logo cedo ele aprendeu que a vida na prisão não era uma questão de absolvição ou pagar por seus crimes e repensar sobre seus atos, mas sim uma questão de sobrevivência. Ele teve a sorte de ter um velho senhor como companheiro de sela chamado Alfred, ele era um homem de cabelos outrora loiros, bastante robusto e de olhos castanhos claros, cumpria sentença de 40 anos depois de ter matado a família inteira de um homem que atropelara sua esposa.
Ele o explicou como as coisas funcionavam na cadeia, não era uma organização de gangues ou nada similar: era quase tudo sobre raça. Havia os hispânicos, os sulistas, os negros, os asiáticos, os do pacífico, os arianos, os homossexuais e obviamente os policiais (que provavelmente eram os piores)... Não adiantava tentar entender quem era quem, quem estava aliado com quem, mas todos odiavam uns aos outros, todos o odiavam e apenas uma verdade era absoluta: Estavam sempre em guerra. Ele deixou bem claro que algum deles tentaria recrutá-lo, fazê-lo movimentar drogas, “furar” quem eles não gostassem, que ele deveria prestar atenção em quem dava as ordens e que se ele não cuidasse de algum negócio ele iria se tornar um negócio. De início Brian tentou se mantiver neutro, mas aquela simplesmente não era uma opção, depois de ser espancado várias vezes e estuprado pelos viados ele teve que se juntar aos únicos que pareciam propensos a aceitá-lo através do intermédio de Alfred: os arianos.
Eles eram em sua maioria os filhos da puta que seus pais tanto horrorizavam, mas ele não tinha outra opção ou sabia que acabaria morto. Em paralelo a isso, seu irmão Michael assumiu as rédeas da família, Carmen foi enviada para reabilitação e alguns meses depois havia ganhado uma nova razão para continuar batalhando por cada dia: o filho do casal recebeu o nome de Marko em homenagem ao avô... Eles nunca pararam de visitá-lo na cadeia e infelizmente tiveram que acompanhar de perto a transformação do mesmo.
Essa transformação se deu de modo discreto, mas era inevitável, ele tinha que sobreviver para poder fazer parte da vida de seu filho, mesmo que perdesse parte dela. Marko se tornou sua maior luz de esperança naquelas terríveis trevas. Na cadeia não havia poesia, apenas verdade: a cadeia insensibiliza uma pessoa. A maioria dos conflitos dos Arianos terminava em corpo-a-corpo, normalmente com armas brancas ou no soco mesmo... Ali dentro Brian teve que fazer coisas que ela jamais se imaginaria fazer, teve que aprender a se defender e a atacar, se tornou perito em armas brancas, aprendeu a barganhar e a matar se necessário, mas ela também o forçou a ver o que era mais importante: Família e lealdade. Ele aprendeu que cada indivíduo era único, que ele era único, ele aprendeu a abraçar o que ele era e o que ele havia se tornado: Um criminoso... E ele amadureceu e se tornou mais forte com isso. Depois de oito anos naquele lugar não havia mais vestígio da alma inocente da pessoa que ele havia sido um dia, Brian entrou um homem inocente e saiu um criminoso e um assassino.
Os constantes conflitos que se meteu acabaram adicionando três anos na sua estadia naquela prisão maldita que com certeza seriam muito mais se não tivesse os Arianos abafando tudo que ele fazia e colocando a culpa em raças rivais. Por incontáveis vezes ele teve certeza de que morreria e em várias ele quase morreu, 13 anos de cadeia o deixaram várias marcas no corpo e uma tatuagem de supremacia ariana. Seus pais não sobreviveram isso tudo, com quatro anos de prisão Emma teve um ataque de coração fulminante, Marko durou outros cinco anos antes de perder a vida para um AVC, Brian não teve muita oportunidade de lamentar as perdas, demonstrar fraqueza naquele lugar poderia significar sua morte, mas finalmente 13 anos haviam se passado e sua liberdade estava em seu alcance.
Voltar para casa foi uma experiência aterrorizante para Brian... Aquelas muralhas que o mantinham presos eram engraçadas, de início ele as odiava, depois se acostumara com elas. Depois de passar tanto tempo lá dentro havia passado a depender delas, seu maior e mais verdadeiro medo não era sair dali, entretanto, mas encarar seu filho e descobrir o quanto não conhecia nada sobre ele e descobrir que era um péssimo pai e um péssimo modelo de pai, curiosamente seu maior medo era alguém que havia sido sua esperança por todo aquele tempo. Ele obviamente havia tido visitas de Marko enquanto estava preso e Carmen o contava tudo sobre ele, mas era diferente.
Foi certamente uma experiência única voltar para casa depois de tanto tempo, se deitar na mesma cama que Carmen, beber leite fresco no café da manhã que havia sido recém tirado de uma vaca, as primeiras tentativas de estabelecer um elo com Marko foram falhas, eles interagiam um com o outro como se fossem adultos distantes, de modo frio, depois de tanto tempo Brian não sabia mais expressar seus sentimentos, não sabia o que era uma cama confortável ou estar em segurança, aquilo tudo era quase alienígena para ele.
Foi apenas quando os rumores sobre uma doença de raiva em humanos começaram a se alastrar que eles começaram a criar algum laço. Michael os alertou que era realmente uma situação extremamente séria e severa depois que recebeu ordens para reingressar no exército... Foi nesse momento em que os dois começaram a trabalhar em prol de uma meta: Fortalecer as defesas da fazenda dobrando a madeira nas cercas e limitando sua área. Foi um trabalho cansativo, mas os permitiu se conhecerem finalmente um pouco, Brian descobriu que o garoto era bom em lógica e em matemática e que queria se tornar um professor um dia, descobriu que ele estava apaixonado por uma garota, mas ela não parecia corresponder o sentimento, que ele praticava parkour como esporte, gostava de jogos virtuais, de computação e ele até mesmo ensinou para seu pai alguma coisa de computação, que foi certamente uma experiência engraçada. Eles deixaram alguns dos fazendeiros e trabalhadores próximos usarem a fazenda como refúgio, assim poderiam ajudar com a colheita... Infelizmente foi nesse aspecto que erraram.
Com a fazenda auto suficiente e uma política de não chamar muito a atenção conseguiram se mantiver ali em paz por um bom tempo e com uma inesperada harmonia com os hóspedes (Os Patel e os Williams), infelizmente não tiveram mais notícias de Michael depois que foi convocado para o exército, mas escolheram alimentar a esperança de que estavam bem. Infelizmente havia o inconveniente de que o poço ficava fora da propriedade e logo eventualmente tiveram que entender o novo mundo onde se encontravam. De início foi um grande choque para todos, especialmente o fato de que Brian era capaz de eliminá-los sem demonstrar ressentimento, mas quando os irmãos Patel morreram para uma emboscada de caminhantes enquanto pescavam passaram a aceitar o que infelizmente agora era um fato: Que precisavam matar ou morrer lá fora. Um dos filhos da senhora Williams era asmático e todas as vezes que tentaram se aproximar das farmácias na vizinhança serviu apenas para entenderem a severidade da situação na qual se encontravam: Pessoas que devoravam pessoas, não havia como conseguir os remédios que o garoto precisava sem passarem por dezenas deles, certo dia ele dormiu e não acordou... Mas se ergueu.
O fato de que não sabiam que qualquer pessoa que morresse se transformaria numa daquelas criaturas foi o maior erro deles, os Williams foram massacrados e os gritos chamaram a atenção de Carmen e dos Patel restantes, que foram as vítimas seguintes. Brian e Marko estavam caçando animais na floresta próxima, quando voltaram á residência já era tarde demais. A senhora Patel havia sido mordida e tentando fugir em seu veículo derrubou parte das defesas da fazenda, o lugar estava inundado e ainda assim eles adentraram até terem a certeza de que Carmen estava morta... Quando isso aconteceu Brian teve que carregar seu filho á força para longe dali depois de prendê-la em um cômodo.
Desde então eles passaram a viver dia após o outro e o inferno que havia sido a prisão se expandiu para uma prisão sem barreiras, o mundo não havia se tornado algo muito diferente do que era lá dentro como um prisioneiro: cada um queria um pedaço dele. Talvez tenha sido por isso que pai e filho duraram tanto tempo, nunca conseguindo se estabelecer em grupos por muito tempo e preferindo a segurança em pequenos números e em sempre estar em movimento eles continuam vagando nos Estados Unidos, em busca de um lugar onde possam acreditar estarem em segurança. Brian alimenta a esperança de encontrar seu irmão Michael, embora saiba que as chances disso acontecer sejam ínfimas, é por essa razão que ele está em Nevada, pois foi para lá que o enviaram. Apesar de tudo, Brian e Marko ainda são em muitos aspectos estranhos, mas a sobrevivência os aproximou bastante.
Observações do Narrador:
Sem observações por enquanto...
Atenção: Toda história é de autoria do dono do personagem.